Artigo: O desalento maranhense

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Se consultarmos os dicionários para procurar a definição de “desalento” veremos que a palavra remete à falta de força ou vontade para realizar algo, esmorecimento, desânimo. É uma palavra mais fácil de encontrar em livros de poesia que em tratados jurídicos. Certamente não consta na nossa Constituição.
Não sei de quem foi a ideia de trazer essa palavra para compor o árido mundo dos relatórios e dos gráficos oficiais. Mas ela exprime com perfeição o sentido que lhe foi dado pelo IBGE, que agora passou a ser um indicador medido na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
O IBGE percebeu que dentre as pessoas economicamente ativas desempregadas, havia um grande contingente que não só estava sem emprego, mas simplesmente havia desistido de procurar emprego, embora tivessem todas as condições de disponibilidade para assumir uma atividade. Essas pessoas foram chamadas de “desalentadas”.
E, infelizmente, elas não são poucas. Somam-se milhões em todo o Brasil. São pessoas que tem força de trabalho, já estiveram empregadas, dominam um ofício e cansaram de levar sucessivos “nãos” a cada tentativa de apresentar seu currículo, na esperança de voltar ao mercado de trabalho. Chega uma hora em que o desânimo vence e o desalento toma conta.
E agora, a notícia que nos entristece, mas não nos surpreende: o Maranhão aparece com o segundo maior contingente no país, com 410 mil pessoas desalentadas. Só para dar uma ideia do que significa esse número, ele é o equivalente a duas vezes a população de Imperatriz, a segunda maior cidade do estado. Das 27 unidades da Federação, ocupamos o 26º lugar, nessa vergonhosa estatística.
Mais espantoso, quando confrontado com esses números, o Governo do Estado apresentou os resultados do Programa Mais Empregos, que disponibilizou cerca de 5 mil novas oportunidades de trabalho com carteira assinada, ou seja, pouco mais de 1% apenas dos desalentados, sem falar nos milhares de maranhenses desempregados que ainda não desistiram de procurar emprego. Um programa meritório, mas que mal arranha na raiz do problema.
Está claro que a questão é estrutural. A dinâmica da nossa economia precisa ser revista para mudar a curva de crescimento. Não é tarefa de um governo, é tarefa de uma geração. Mas é nossa responsabilidade apresentar à população um diagnóstico realista que inicie um debate que não seja turvado pelo chorume ideológico que mantém o Maranhão atado ao passado.

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